Quando o meu filho nasceu, há quase 2 anos, a 1ª coisa que desejei foi que tivesse muita saúde e fosse feliz! À medida que os dias iam passando, sonhava de olhos abertos no dia em que o poria na dança contemporânea, na música, nas artes em geral...queria proporcionar-lhe tudo aquilo que considero importante para o seu desenvolvimento. E, eu, como actriz que sou há 18 anos, profundamente ligada às artes, pensava que a melhor forma de o ver crescer era rodeado de todas as formas de expressão, por considerar que quebram tabus, abrem horizontes, estimulam a criatividade e imaginação fundamentais para qualquer área da vida e a própria comunicação com os outros. Aumenta a auto-confiança e torna-nos mais genuínos.
Cedo percebi que a oferta de artes para bebés é muito escassa, principalmente fora do centro da Capital. Mais ainda, percebi que espaços de prática criativa, onde os bebés e crianças possam criar sem moldes, sem temas, em cima das mesas, no chão, onde se possam efectivamente sujar metendo as mãos nas tintas, se possam expressar corporalmente enquanto se exprimem nas artes plásticas, na música e criar em conjunto não existia.
Daí, até abrir este espaço foi um pulinho. Juntamente com a minha mãe, artista plástica, orientadora das oficinas de prática criativa do serviço educativo da Fundação de Serralves desde 1995, decidimos abrir um espaço a todos, para todas as idades e dedicar-nos profundamente a um projecto em que o único conceito existente é: um Open-Space de Artes., onde a criação se faz de raíz.
Das Oficinas Criativas para bebés e crianças o desenvolvimento é lindo. Bebés, com 12 meses, na 1ª sessão apenas exploram o espaço. Na 3ª sessão, já tratam os materiais e o espaço por tu. No que pensam eles enquanto desenvolvem a auto-expressão? É uma incógnita. Eu fico a contemplar o meu filho e outros bebés, concentrados a criar e penso "no que pensarão eles?". Pouco interessa, estão ali, livres e não querem ir embora. Talvez por isso mesmo, porque se sentem livres.
Mariana Assunção